Esteve em São Paulo, na sede da Montfort, no início de junho deste
ano da graça de 2015, o membro da ADV, Emílio Paulo, dando palestra com o tema
“A Guerra da Luz Divina”. Emílio é formado em história na UFPE (Universidade
Federal de Pernambuco) e, por inspiração do prof. Orlando Fedeli, que o instigou
para o tema, passou a estudar e pesquisar sobre a conhecida invasão holandesa
no nordeste brasileiro.
Apoiado em pesquisadores dos mais capacitados sobre o tema, como
José Antonio Gonçalves de Melo, Leonardo Dantas e, de cronistas da época, como
Diogo López Santiago e Frei Manuel Calado, tem-se que a guerra holandesa que
motivou a expulsão dos batavos de solo pernambucano se deu, sobretudo, por
motivos religiosos. Houve, portanto, em Pernambuco, uma guerra religiosa que
cravejou as terras do nordeste de mártires e histórias de dor e sofrimento.
A ignorância sobre o tema, mormente em Pernambuco e outros estados
da região, é muito grande. Isso vale também por conta de uma historiografia que
busca continuamente menoscabar a influência positiva da Igreja Católica e de
Portugal na formação do Brasil. Não é raro achar pernambucanos, muitas vezes
esclarecidos em leituras, louvar a estadia dos holandeses em nossas terras.
Aqui vieram rapinar, destruir, matar, humilhar e estuprar, muitos dos nossos
descendentes, mas, ainda assim, muitos chegam a se orgulhar do passado
holandês.
Destaque da aula sobre a narrativa da destruição de Olinda que, no
dizer de Frei Manuel Calado, era o “terreal paraíso”, de tão majestoso e belo
que agradava o olhar. A Olinda de hoje é uma parca lembrança do que foi Olinda
do passado e os holandeses na sua propalada tolerância destruíram tudo, só
deixando uma casa para lembrar e que virou quadro de Franz Post.
É verdade que os holandeses trouxeram alguns benefícios para as
nossas terras e isso se deve ao gênio e espírito renascentista do Maurício de
Nassau, que também sob sua administração submeteu os católicos a cruéis
perseguições, porém menos acentuado do que seus antecessores. Maurício de
Nassau, por seu turno, foi acusado de corrupção e por contrariar os interesses
holandeses voltou para seu país.
O desfecho de maior significado e que denota o espírito católico e
brasileiro foi a união do negro Henrique Dias, que recebeu o Hábito de Cristo,
do bravo índio Poti, Filipe Camarão, e do não menos herói Fernandes Vieira.
Seus nomes sobrevivem aqui e ali na nossa cidade, mas é cada vez maior a
ignorância sobre eles, que com fé combateram pela terra e pela Igreja. Na
frente do Palácio das Princesas, sede do governo do estado de Pernambuco, tem um
busto de Maurício de Nassau, mas não tem nada que lembre a nobreza daqueles
bravos pernambucanos, nem um monumento digno.
Muito se tem que falar e ouvir sobre a Guerra da Luz Divina e o
trabalho de Emílio é uma aula de revisão histórica que busca pontuar com
honestidade aqueles acontecimentos passados que deveriam ser continuamente
lembrados e festejados pelos pernambucanos.