Uma das acusações injustas ainda largamente
repetidas e que ainda causa dúvida nos mais desavisados, é que os evangélicos,
melhor dizendo, os protestantes, leem a Bíblia, e que os católicos relativizam
a importância das Sagradas Escrituras na prática religiosa.
De fato, um dos dogmas mais insanos do
protestantismo é o da Sola Scriptura
que concede a todo e qualquer indivíduo a capacidade de ler os livros sacros e
ter uma relação pessoal e direta com o criador. Não precisa assinalar que essa
permissividade gerou uma confusão dos diabos, é sim, dele mesmo, tendo a torto
e a direito tantas denominações
quantos forem os entendimentos.¹
Certamente a leitura constante das Sagradas Escrituras não garante absolutamente salvação de ninguém. Um dos seres que conhece todas as letras do Evangelho e do Antigo Testamento é o próprio espírito maligno e foi com a Bíblia na mão, e talvez de paletó, que ele tentou a Cristo no deserto. Ademais, ao responder o jovem virtuoso, Nosso Senhor disse que a salvação se daria seguindo os mandamentos.
De tudo isso, há de
convir que é muito perigoso ler os Livros Sagrados sem o balizamento da
autoridade conferida pelo próprio Deus para tanto. Foi Nosso Senhor quem
concedeu o múnus das chaves para Pedro e é com a perpetuação dos Papas que
Cristo se prolonga na história através de sua Igreja. Não sem razão Santa
Teresa Dávila chamava o Papa de O Doce Cristo na Terra.
Mas já falei e não vim ao ponto principal. O início do texto
falou da acusação sofrida pelos católicos que não dão tanta importância assim
às Sagradas Escrituras. Vejamos então se essa denúncia grave procede a partir das
vestes sacerdotais e aquelas que fazem uso os ditos pastores.
O pastor protestante, em regra, principalmente no Brasil, usa
paletó. Nada mais do que uma roupa secular e democrática que dela faz uso o
promotor, o advogado e o juiz. Não esqueçamos também que os senhores de
Brasília, políticos de todos os naipes, e de todas as tendências, são
desenhados pelo famigerado paletó. Um pastor ao lado de um político não
diferencia nada. Inclusive, pura coincidência, muitos pastores entram para a
política. O protestantismo se mostra assim: manifestação religiosa tipicamente
secular, pobre de símbolo, ausente de evocação a Deus. A roupa do pastor lembra a do deputado e só faz menção à Bíblia se
o indivíduo estiver com ela debaixo do braço.
Já as vestes do sacerdote católico... Estão repletas de menções a várias passagens bíblicas. Por assim dizer, o Padre se veste de Cristo e cada peça utilizada nos lembra de Nosso Senhor e de passagens narradas nos Evangelhos, senão vejamos:
O AMITO com que cobre a cabeça quando começa a revestir-se, simboliza a coroa de espinhos e o lenço com que, cobrindo seu divino rosto, escarnecendo dele, os algozes diziam: adivinha quem te bateu!
Os soldados teceram de
espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de
púrpura. São João 19,2
Entretanto, os homens que
guardavam Jesus escarneciam dele e davam-lhe bofetadas. Cobriam-lhe o rosto e
diziam: Adivinha quem te bateu! São Lucas 22, 63 e 64
“Herodes, com a sua guarda,
tratou-o com desprezo, escarneceu dele, mandou revesti-lo de uma túnica branca e reenviou-o a Pilatos.”
São Lucas 23,11
Libertou
então Barrabás, mandou açoitar Jesus e lho entregou para ser crucificado. São
Mateus, 27,26
Os
soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e
cobriram-no com um manto de púrpura.
São João 19,2
Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura.
Pilatos disse: Eis o homem! São João 19,5
A CASULA também evoca a cruz que Cristo carrega e que o Padre, como instrumento, carrega in persona Christi.
E assim é que revestido de Cristo o sacerdote perpetua o sacrifício oferecido a Deus, o único e perfeito sacrifício para que os homens possam se salvar.
E você, vai seguir aquele que se confunde com os deputados ou aquele que se veste de Cristo, e emprestando a voz dele ao Salvador, faz o pão virar verdadeiro Corpo e o vinho verdadeiro Sangue?
Antonio Manuel