Visitando
muitas mesquitas no Egito, na Síria, na Jordânia e Chipre, percebi que sempre havia muçulmanos rezando. Enquanto
liam o Alcorão, sacudiam o corpo de um lado para o outro. Geralmente estavam
assentados sobre os tapetes que recamam inteiramente o pavimento da mesquita.
Fazem a oração voltados para Meca. Por esta razão há um pórtico na parede da
mesquita para dar o rumo certo. Fui
depois informado que tais movimentos foram determinados por Maomé por razões
calistênicas e não religiosas. Sabendo da indolência do oriental, ele
prudentemente preceituou alguma ginástica.
Bem
diversa é a finalidade da liturgia da Igreja. Os gestos e movimentos possuem um
simbolismo religioso. Que belo é o significado do sinal da cruz. O cristão se
envolve com a cruz redentora, ao mesmo tempo que recorda as três pessoas
divinas que nele habitam – em nome das quais inicia ou termina a ação. A água
benta com que se benze na entrada da igreja, exprime o desejo de purificar a
alma. Historicamente vem do costume oriental de lavar-se da poeira dos
caminhos, antes de entrar no templo de Jerusalém. Os muçulmanos ainda hoje
praticam estas abluções, na fonte que está no pátio das mesquitas maiores.
Se
à hora do Evangelho levantamo-nos, é para significar nossa prontidão em seguir
a palavra de Cristo. Genufletir é um sinal de veneração ou adoração. O gesto,
sendo consciente, tem uma grande força psicológica. Pensa no valor de uma
genuflexão bem feita.
Um
sacerdote que se julgava só na igreja, fez com todo respeito a sua genuflexão.
Uma pessoa incrédula, que observava do fundo do templo, converteu-se diante de
tal sinceridade.
A
liturgia está a serviço de Deus e só tem sentido quando reflete uma atitude
interior de adoração. Deve ser nobre, devota e sincera.
Pe. Raupp, Alvoradas, pp. 182 e 183. Edições Paulinas, 1965.