Cosmos (kósmos) é uma palavra grega que significa “ordem”, “beleza”, “harmonia”. Era o termo usado para designar o Universo Ordenado, ou seja, toda a estrutura do universo, que na visão dos gregos era organizado e harmonioso. A palavra foi utilizada primeiramente por Pitágoras de Samos (570 a.C. – 495 a.C.). Pitágoras foi um dos primeiros gregos a relacionar a beleza com as proporções nas medidas. Tais conclusões surgiram de seus estudos matemáticos, principalmente aplicados à música e à estética. A fim de aprofundamento, recomendamos o Artigo Música e Beleza, do professor Orlando Fedeli. Nesse Artigo encontraremos argumentos de sobra para admitir a ordem no universo, que para Kant não passa duma mera convenção.
Uma das grandes descobertas de Pitágoras foi a “proporção áurea” ou “número de ouro” (Phi - Φ), que seria utilizada mais tarde na música, arquitetura, nas artes e em tudo aquilo que fosse comprometido com o belo e o justo. A proporção áurea corresponde a 1,618... Uma obra humana tem suas medidas mais belas e perfeitas, ao passo em que suas proporções se aproximem do número de ouro. Essa perfeição não é humana, pois foi da observação da natureza que os pitagóricos a descobriram. Logo, julgaram que o número de ouro, na verdade, era uma linguagem dos deuses. Por isso, os iniciados da escola pitagórica eram obrigados a manter esse conhecimento em sigilo.
Para Aristóteles, o problema não era mais verificar o cosmos, mas saber de onde vem essa ordem. Ora, se os seres são dispostos numa cadeia hierárquica, deve haver seres superiores ao homem, assim como deve haver um Ser que seja o motor imóvel dessa cadeia de causação. Um Ser que seja uma “causa não causada”, a causa de todas as causas: Deus. Esse SER é Ato puro.
Trata-se do único ser no Universo que basta a si mesmo; o único ser “Necessário”. Essa conclusão a respeito de Deus foi possível a partir da observação do SER criado e porque a nossa razão é capaz de conhecer a Deus. São Tomás de Aquino, através das “cinco vias”, dá uma explicação puramente racional da existência de Deus. A Igreja Católica sempre deu grande importância à razão e à ciência. São Pio XII, na encíclica Humani Generis, ensina:
“Denzinger - 3892. Todos sabem quanto apreço dá a Igreja à razão humana no que concerne à sua capacidade de demonstrar com certeza a existência de um Deus pessoal, de provar iniludivelmente pelos sinais divinos os fundamentos da própria fé cristã, de exprimir com justeza a lei natural que o Criador imprimiu na alma humana, de conseguir por fim uma inteligência limitada, mas utilíssima dos mistérios (Cf.Conc. Vaticano I). Esta atribuição podê-la-á a razão desempenhar convenientemente e com segurança, se estiver nutrida daquela sã filosofia que constitui como que um patrimônio de família, herdado das precedentes gerações cristãs e que reveste uma autoridade superior, pois que o mesmo Magistério da Igreja confrontou com a própria verdade revelada os seus princípios e as suas principais asserções, precisadas e fixadas lentamente através dos séculos por homens de inegável talento. Esta mesma filosofia, confirmada e comumente admitida pela Igreja, defende o genuíno valor do conhecimento humano, os indestrutíveis princípios da metafísica - a saber: de razão suficiente, de causalidade, de finalidade - e propugna a capacidade da inteligência de atingir a verdade certa e imutável.” (PIO XII, Humani Generis, 12 de agosto de 1950/ II – Penetração dos Erros Modernos – grifos nossos).
Ora, “sã filosofia” é justamente o que o kantismo não é. O que o racionalismo de Kant faz é justamente, atentando contra a fé e a metafísica, destruir a razão e aniquilar o pensamento. Nesse pacote autodestrutivo caíram juntas a ética e a estética. Que sã filosofia faria da fé um sentimento afetivo e, da metafísica algo inútil?
Que sã filosofia faria da beleza e da verdade uma questão subjetiva? A metafísica aristotélico-tomista surge do deslumbramento humano com o cosmo e com o SER criado, foi daí que a ciência e o pensamento saíram triunfantes; Kant dá as costas ao cosmos em prol da razão, mas foi o pensamento e a razão que saíram mutilados. Triste fim.
Bruno Silveira
Veja a parte I aqui
Veja a parte II aqui
Bruno Silveira
Veja a parte I aqui
Veja a parte II aqui