A
água, nos seus três estados: líquido, sólido e gasoso, relaciona-se muito bem
com Nossa Senhora, com Sua relação com a Santíssima Trindade e com três
aspectos da Cruz de Cristo.
Interessante observar que a água é una e trina ao mesmo tempo, pois possui seus três estados sem perder sua natureza, uma molécula formada por um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio: H20.
Interessante observar que a água é una e trina ao mesmo tempo, pois possui seus três estados sem perder sua natureza, uma molécula formada por um átomo de oxigênio e dois de hidrogênio: H20.
Viver
sem água é impossível, assim como ter vida espiritual sem Maria é impossível.
1) Nossa Senhora do Monte
Carmelo
Num
período de grande seca, Santo Elias estava no Monte Carmelo rezando, no mesmo
local onde venceu os idólatras de Baal, quando, de repente, viu uma pequena
nuvem erguer-se do mar, no meio de um céu totalmente azul.
Por
uma intuição sobrenatural, Santo Elias soube que esta pequena nuvem simbolizava
a Virgem predita por Isaías.
E a
tradição sempre interpretou esta nuvem como símbolo de Nossa Senhora, pois a
nuvem é água, mas não tem o sal do mar, desta forma Maria nasce da natureza
humana que é machucada pelo pecado original, mas em Maria há apenas a natureza
e não a mácula do pecado, pois o Redentor a preservou da culpa original.
Dos
seguidores de Santo Elias, nasceu a Ordem do Carmo.
A
água em estado gasoso vai para o alto, em toda sua forma, como Nossa Senhora
que foi assunta ao céu, de corpo e alma.
Nossa
Senhora é medianeira de todas as graças, assim como as nuvens são medianeiras
das chuvas. Não há chuva sem nuvem, não há graças sem Maria.
As
nuvens se movem sopradas pelo vento, que também é símbolo do Espírito Santo,
Nossa Senhora é movida por Deus. Nuvens e vento parecem esposos, assim como
Nossa Senhora é esposa castíssima do Espírito Santo.
Onde
não há chuva, há deserto. Onde não há Nossa Senhora, há deserto na alma.
As
nuvens bloqueiam a visão de baixo das montanhas muito elevadas, porque a
devoção à Nossa Senhora bloqueia nossa vista para o que é baixo.
A
água em estado gasoso pode ser minúscula ou enorme como as nuvens que cobrem
todo o céu, como a humildade de Nossa Senhora e a Sua Maternidade que cobriu
todo o céu em Seu ventre.
Nem
Elias nem Nossa Senhora nem Cristo na Cruz foram ecumênicos, para os que
trocarem o calor do Espírito Santo pelo calor da criatura, o destino não será o
Alto, mas o calor infernal.
Num
outro monte, o Calvário, num dia quente, o maior sacrifício de toda a história
alcançava o alto e o suor de Cristo também evaporava e ia para o céu.
Cristo,
na Cruz, apontava para o alto como que pronto a decolar, o Paraíso estava
prestes a ser aberto para o homem, assim como as nuvens se abrem para o céu
azul. Cristo ia alçar os homens bons ao céu.
Por isso, Ele disse para o bom ladrão:
Ainda hoje estarás comigo no Paraíso (Lc
23, 43).
2) Nossa Senhora das Neves
No
ano de 363 vivia em Roma um ilustre casal, sem filhos, que resolveu consagrar
sua fortuna à glória de Deus e em honra a Santíssima Virgem.
Na
noite de 4 para 5 de agosto, o casal estava pensando seriamente no assunto, quando a Rainha do Céu
apareceu-lhe em sonhos e disse-lhe:
- Edificar-me-eis uma basílica na colina de Roma que
amanhã aparecerá coberta de neve.
Ora,
nos dias 4 e 5 de agosto, é a época de maior calor na Itália, a canícula. Mas
no dia seguinte, devido a um estupendo milagre, o Monte Esquilino estava coberto de neve.
Lá
foi construída Santa Maria Maggiore a maior e a mãe de todas as Igrejas
marianas.
A
água congelada é estável na terra, não se move. Pode bem simbolizar a
eternidade, por isso se diz das neves nas montanhas elevadas, de eternas.
As
montanhas nevadas parecem felizes em si mesmas, pois não precisam de chuva nem
de vento nem de água, nem de nada para serem o que são, são impassíveis,
silenciosas, são geladas para este mundo. Parecem também eternas e sábias como
Deus, que feito Verbo se encarnou em Maria, como uma montanha que se entranha
de neve.
A
neve é filha da eternidade assim como Maria é filha diletíssima de Deus Pai.
Maria é a eternidade na terra, como as neves simbolicamente o são.
Quanto
mais pura a neve, mais ela reflete a luz. Nossa Senhora é neve puríssima que
reflete integralmente a grandeza de Deus.
Existem
cachoeiras congeladas, que são como um movimento estacionado. Lembram como Deus
vê a história, como é o tempo visto da eternidade, como uma fotografia que
alcança desde o alfa até o ômega.
Da
eternidade, Deus concebeu Maria para ser Sua Mãe, a eternidade encarnada no
tempo.
A
neve é como uma ponte simbólica entre o eterno e o tempo, Nossa Senhora é uma
ponte mística entre o eterno e o tempo.
A
água congelada pode ser minúscula como os flocos de neve e gigantesca como as
geleiras. Nossa Senhora é humilde como os flocos e possui virtudes maiores que
o tamanho das geleiras.
Não
há montanha muito elevada sem neve, e podemos dizer também que elas estão
vestidas de neve.
Ninguém
poderá alcançar elevação espiritual sem Maria e aqueles que querem progredir na
fé deverão se vestir das qualidades dEla.
Nossa
Senhora tem virtudes extremas e opostas como Sua Virgindade e Sua Maternidade,
assim, no Monte Esquilino houve as qualidades opostas do calor e da neve. Calor
é símbolo do Espírito Santo, do amor, da geração e por meio Dele, Ela concebeu.
Já a
neve é contemplativa como a Virgindade, pois no gelo não há explosão de vida,
parece existir somente para refletir grandezas, como a de Deus.
Esquilino
deve seu nome à abundância de carvalhos (exculi) que outrora havia neste monte
(ou pelo menos esta é uma hipótese plausível). Num outro monte, em Jerusalém,
Cristo foi crucificado na madeira, pregado, sem
poder se mover, como que congelado e no calor, contemplando o mundo
desde a eternidade.
Houve
ainda um outro calor, produzido pelo ódio dos que mataram Cristo, possuidores
de corações gelados, que trocaram a eternidade pelo tempo.
Do
alto da Cruz, em posição Majestática ainda que sui generis, Cristo conhecia o que só Deus podia conhecer e era
misericordioso, como só Deus pode ser, por isso pôde dizer:
Pai, perdoai-os porque eles não sabem o
que fazem.(Lc 23,34)
3) Nossa Senhora de Lourdes
Na
nona aparição de Nossa Senhora em Lourdes, Ela manda a Santa Bernadete cavar o
chão e aí brotou uma fonte de água milagrosa.
A água
nasce pura como Nossa Senhora. Cristo veio por meio de Maria assim como a Luz,
que é Cristo passa pela gota d´água e se vê um arco íris.
O
heroísmo da água é a queda d´água, às vezes, a queda é tão forte que de estado
líquido já se passa para o gasoso, como os mártires que, após a morte, já vão
direto para o céu, Nossa Senhora é a rainha deles.
No
vinho da missa, que se transubstancia no Divino Sangue, há a matéria acrescentada da água, assim como
Cristo tem matéria de Sua Mãe. Cristo disse eu
sou a videira e meu Pai é o agricultor, todavia para a videira florescer se
faz necessária a água, que pode simbolizar Maria.
Não
existe agricultura sem água, não existe boa cultura sem Nossa Senhora.
Os
cursos de água são curvos como o caminho das serpentes. Cristo disse: “Sejais
prudentes como a serpente” e Nossa senhora é prudentíssima.
Quem
segue um curso d’água chegará ao oceano, quem seguir a Maria chegará a Deus.
Um
outro líquido brotava, era o de Cristo na Cruz enterrada na terra. Seu Sangue,
como uma queda d’água, escorria, Eu me
derramo como água (Sl 21) e Ele sentia sede. E havia também o Sofrimento de
Maria representado por lágrimas que escorriam.
Aqueles
que não saciarem sua sede com o sangue de Cristo e com a água de Maria serão
abandonados para o inferno.
Cristo
parecia largado como as águas o são na borda dos precipícios. Tão abandonado
que nem entenderam o que Ele disse:
"Eli,
Eli, lama sabachthani? (Deus, meu Deus, por que me abandonaste?)"(Mt
24,46)
Pensaram
que era Elias, o mesmo profeta que viu a nuvem.
------------------------------------------------
Marcelo Andrade