30 novembro, 2017

A Igreja e a Ciência - Resposta a um protestante

Questionamento:

Na Idade Média, a Igreja Romana dominava o conhecimento europeu, embora esse mesmo saber tenha tido origens diversas, inclusive pagã (começando pelos filósofos da Grécia Antiga). Mas com o desenvolvimento científico, começou a ocorrer choques entre aquilo que o Clero ensinava e algumas descobertas; pensadores que não partilhavam da cartilha clerical foram perseguidos. No sec. 16, Oxford estava sucateada, sendo restaurada por educadores reformados. E os prêmios Nobel que vieram séculos mais tarde foram frutos da liberdade que se consolidou na Inglaterra protestante. Aliás, Alfred Nobel era sueco (a Suécia também aderiu à Reforma). Isso sem falar nos pensadores e cientistas judeus, que ajudaram a moldar o pensamento ocidental; sem falar que os pioneiros das universidades eram islâmicos. Hoje, não há nenhuma universidade católica, pelo menos, na listagem das 30 primeiras do mundo (lista que é encabeçada por Harvard, que leva o nome do pastor protestante que a fundou e que também estudara em Oxford). Putz! O fanatismo religioso leva indivíduos à cegueira...

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Prezado nobre colega protestante
Salve Maria ( “A mãe do meu Senhor” Lc,1,43)

Permita-me apresentar a “contestação”. E perdoe-me por algumas extrapolações e também pela extensão da resposta.

 

AS UNIVERSIDADES E O SABER ANTIGO

A Igreja Católica sempre reconheceu a importância de certo conhecimento pagão, como o de Aristóteles, por exemplo. S. Tomás chamava-o de “o filósofo”.

Por meio de quem os islâmicos aprenderam o saber greco-romano? Diretamente? Impossível, porque antes de Maomé nascer, Grécia e Roma antigos já eram. Quem preservou para os islâmicos o augusto saber clássico?

O Império Bizantino Católico.

Antes das “universidades islâmicas” (tema polêmico este das pseudo universidades islâmicas) existirem, já haviam as escolas católicas como a de Nisibis e Edessa, por exemplo.

As universidades, como tal, que fomentaram o saber no mundo todo foram criadas na Idade Média católica. Desde Oxford até Salerno, desde Coimbra até Praga.

Em Salerno (originada de um mosteiro), por exemplo, aceitavam-se estudantes de todos os credos (bem diferentes dos centros muçulmanos) e a presença de mulheres era notável, incluindo professoras. Judeus e muçulmanos a frequentaram e tratados em árabe e em hebraico foram traduzidos para o latim. 

Sua excelência em medicina era lendária e vem dela a regra de vender certos remédios mediante receita médica, coisa adotada até hoje.

Em Oxford, no século XII, já havia por volta de 20.000 estudantes. Na Sorbonne, o número de estudantes no século XIII era maior do que no século XIX. (Veja este texto)
Os “reformadores” ingleses, adeptos do anglicanismo fundado por Henrique VIII[1], o adúltero e assassino, assumiram –ou melhor – roubaram as universidades dos católicos e clamaram para si os méritos.