INTRODUÇÃO
Boa parte das escolas, dos livros ruins, dos “blogs” e
da mídia advoga a tese de que o nazismo, que virou sinônimo de maldade, foi uma
doutrina anticomunista, de extrema-direita.
Esta visão equivocada nasceu, obviamente, para
proteger o socialismo da contaminação da perversidade do sistema nazista.
Afinal, caso se ensinasse que o nazismo foi uma forma de socialismo, muitas
pessoas deixariam de ser de “esquerda” e isto não seria nada bom para difusão
do marxismo e de suas variantes.
Neste curto estudo, mostraremos que o nazismo foi sim
um regime socialista. Faremos refutando as objeções contrárias mais comuns.
Nazismo e marxismo, do mesmo lado da moeda.
Depois mostraremos o verdadeiro pensamento de Hitler
em relação ao socialismo.
Lembramos que o nazismo é abreviação de: Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães.
1ª Objeção. A Alemanha invadiu a União Soviética em
1941
Por este argumento, o nazismo não teria sido socialista,
pois a Alemanha invadiu a União Soviética stalinista.
Ora, se uma nação socialista não podia invadir outra
nação socialista, então, o Vietnã não era socialista, pois invadiu o Camboja em
1979 e a China também não era socialista, pois esta invadiu o mesmo Vietnã no
mesmo ano.
Logo, a primeira objeção é falsa.
Ou alguém vai dizer que Camboja, China e o Vietnã não
eram países comunistas?
É importante dizer que a Alemanha e a URSS haviam
selado o pacto Ribbentrop-Molotov de cooperação, paz e partilha da Europa
Oriental, em 1939.
A União Soviética invadiu o leste da Polônia 16 dias
após a Alemanha ter invadido. Nesta ocasião e na divisa imaginária entre a
Polônia-URSS e a Polônia-Alemanha, soldados soviéticos chegaram a fazer
saudação nazista, e os aliados
socialistas trocaram gentilezas e prisioneiros de guerra.
2ª Objeção. O Hitler perseguiu comunistas
Por esta linha de raciocínio, se concluiria que como
Hitler perseguiu seus opositores “de esquerda”, ele não era socialista.
Porém, todo regime totalitário persegue
indistintamente seus opositores, assim Stalin, Mao, Pol Pot etc. todos eles
também perseguiram e mataram socialistas que não concordavam com o regime por
eles imposto.
Quem mais matou comunistas na história foram os próprios
comunistas. Os capitalistas, muitos deles, financiaram os comunistas e não os
perseguiram.
Curioso notar que na “noite das facas longas”, Hitler
mandou matar várias pessoas que não eram comunistas, muitos católicos,
inclusive.
3ª Objeção. Havia direito de propriedade na Alemanha
Hitler não estatizou todas as empresas, então não era
socialista pois esta doutrina se caracteriza pela estatização completa dos
meios de produção, logo o nazismo não foi socialista.
Na realidade, o nazismo controlou e exerceu forte pressão
contra a propriedade privada, segundo Pipes (2001, p. 263):
Em um mês de
controle do governo alemão, os nazistas suspenderam as garantias constitucionais
da inviolabilidade da propriedade privada. (...) nas palavras de um teórico
nazista: “propriedade era... não mais um assunto particular, mas um tipo de
concessão do Estado”(...) Hitler colocou a questão: “Quero que todos mantenham
a propriedade que adquiriram para si conforme o seguinte princípio: o bem comum
vem antes do interesse próprio. Mas o Estado deve manter o controle e cada
proprietário deve se considerar um agente do Estado... O Terceiro Reich sempre
terá o direito de controlar os
donos de propriedade.
Ainda, de acordo com o mesmo autor:
Eles limitaram
os lucros, fixaram preços,as condições de trabalho foram disciplinadas pelo
Estado etc. (PIPES 2001, p. 263-264)
Ou seja, as propriedades eram toleradas na Alemanha
apenas tendo em vista os interesses do nazismo.
Segundo Goldberg (2009, p. 71):
Na Alemanha, a
aristocracia e a elite dos negócios foram, de modo geral, repelidas por Hitler
e pelos nazistas. (...) Os nazistas subiram ao poder explorando uma retórica
anticapitalista na qual indiscutivelmente acreditavam.
Ainda Goldberg (2009, p. 82), comentando o plano de
governo nazista:
O plano do
partido nazista envolvia a abolição de renda dos juros, o confisco total dos
lucros de guerra, a nacionalização dos trustes, a divisão dos lucros com os
trabalhadores, a expansão das aposentadorias por idade, a comunalização das
lojas de departamento, a execução de “usurários” de qualquer raça e a proibição
do trabalho infantil.
Desta forma, o nazismo era bem adversário do
capitalismo, adotava teses bem socializantes na economia.
Lembramos que Lenin formulou a NEP, “Nova Política
Industrial”, na qual devido ao fracasso das expropriações iniciais
revolucionárias, Lenin permitiu negócios e indústrias privadas, enquanto fossem
interessantes para o Estado.
Alguém vai acusar Lenin de ser anticomunista?
4ª grandes empresas internacionais investiram na
Alemanha
Bancos e indústrias internacionais, alguns deles americanos,
investiram na Alemanha nazista, logo a Alemanha era capitalista, por exemplo: a
Ford multinacional investiu lá.
Curiosamente esta mesma Ford investiu na União
Soviética stalinista. Ford e Stalin trocaram cartas gentis (Tzouliadis, 2008,
p. 330), a biografia de Ford foi muito lida na URSS (Tzouliadis 2008, p. 31). Outros
projetos industriais na Rússia também foram financiados por americanos. Isto
sem falar no “Lend Lease”, o gigantesco programa de ajuda dos EUA para a URSS
durante a 2ª Guerra Mundial.
Stalin era capitalista?
5ª Hitler não defendia o igualitarismo, pois era
racista
Hitler achava os judeus inferiores e quis exterminar (e
exterminou muitos) inválidos, doentes mentais etc.
Logo não podia ser “igualitário”.
Porém, Hitler sim defendia um tipo de igualitarismo
(ver no próximo item).
E Marx também era racista contra os negros, mexicanos
e indianos (Josias p.102-108). Ele apoiou os Estados Unidos contra o México, na
guerra entre estes dois países, pois julgava os mexicanos inferiores.
É próprio dos socialistas, o ódio, seja de classes,
seja racial.
Alguns pensamentos de Hitler
O próprio Hitler disse:
"Meu socialismo é outra coisa que o marxismo. Meu
socialismo não é a luta de classes, mas a ordem (...) Eu vos peço que leveis
convosco a convicção que o socialismo, tal qual nos o compreendemos, visa não à
felicidade dos indivíduos, mas sim a grandeza e o futuro da nação inteira.
É um socialismo heróico. É o laço de uma fraternidade de armas que não
enriquece ninguém e põe tudo em comum" (Adoph Hitler, apud Hermann Rauschning, Hitler
m´a dit, Coopération, Paris 1939, p. 201). [1]
Ainda mais:
"Eu aprendi muito do marxismo, e eu não
sonho esconder isso. (...) O que me interessou e me instruiu nos marxistas
foram os seus métodos [Exatamente como
disse o marxista Boff: que ele aproveitou o método marxista] (...) Todo
o Nacional Socialismo está contido lá dentro (...) O nacional socialismo é
aquilo que o marxismo poderia ter sido se ele fosse libertado dos entraves
estúpidos e artificiais de uma pretensa ordem democrática" (Adolfo
Hitler, apud Hermann Rauschning, Hitler m´a dit, Coopération, Paris
1939, pp.211- 212).[2]
Segundo Goldeberg(2008, p. 72), Hitler
desprezava a burguesia, os tradicionalistas, aristocratas, monarquistas e todos
aqueles que acreditavam na ordem estabelecida
Veja esta outra definição de Nazismo feita por
Hitler:
"É por isto que lhes
digo que o Nacional Socialismo é um socialismo em
devir, que não se completa nunca, porque seu ideal se desloca
sempre" (Adolfo Hitler, apud Hermann Rauschning, Hitler
m´a dit, Coopération, Paris 1939, pp. 214).
Pontos coincidentes do nazismo e do socialismo de
índole marxista-leninista:
- Restrição da propriedade privada;
- Racismo;
- Visão totalitária;
- Busca do “novo homem”;
-Ódio contra a Igreja Católica;
- Visão religiosa de Estado forte (de vertente
hegeliana);
-Igualitarismo comunitário;
- Forte comando e controle sobre as massas;
-Aversão ao livre mercado;
-Combate ao pensamento oposto;
-Mentalidade de extermínio;
-Espera de uma sociedade perfeita (utópica ou
milenarista).
CONCLUSÃO
Ao contrário do que reza a lenda, o nazismo era
socialista. Hitler junto com Stalin e Mao foram os maiores tiranos da história,
responsáveis por dezenas de milhões de mortes.
Estavam do mesmo lado da moeda.
Marcelo Andrade
Marcelo Andrade
BIBLIOGRAFIA
- Josias de Paula Jr. Estudos de Sociologia, Rev. do
Progr. de Pós-Graduação em Sociologia da UFPE, v. 16, n. 2, p. 97 – 113. http://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/viewFile/118/107
- PIPES, Richard. Propriedade & Liberdade. Rio de
Janeiro: Editora Record, 2001)
- GOLDBERG, Jonas. Fascismo de Esquerda. Rio de
janeiro: Record, 2009
Tzouliadis, Tim. The Forsaken.
Nova York: Penguin, 2008.