19 maio, 2020

O Museu Nacional e a Quinta da Boa Vista



 
        O Museu Real, desde o tempo do Vice-Rei  D. Luís de Vasconcelos, funcionava na inacabada Casa dos Pássaros da Rua da Lampadosa. Em 1824, já Museu Imperial,  mudou-se para o casarão do Barão de Ubá, no Campo de Santana, depois Campo da Aclamação de D. Pedro I e por fim Praça da República, embora o povo continue a chamar o lugar por seu nome original. Em 1854, sob D. Pedro II, ganhou nova sede, no mesmo quarteirão, esquina da Rua da Constituição.  Tal sede abriga desde 9 de março de  2018, depois de fechada por trinta anos,  o Museu da Casa da Moeda do Brasil. Em 1892, já rebatizado como Museu Nacional, foi transferido para a Quinta da Boa Vista, vindo a ocupar o Paço de São Cristovão, afinal destruído pelo fogo em 2 de setembro de 2018, em que a maior parte do seu acervo de coleções de história natural se perdeu para sempre.

          Na Quinta da Boa Vista, situava-se o casarão erguido sobre uma elevação, que se estendia das margens do Rio Maracanã à Praia do Caju. Pertencia a Elias Antonio Lopes, nome aportuguesado do comerciante libanês Elie Antoun Lubbus, que chegara ao Brasil em 1790, vindo do Porto.  Enriquecera no tráfico de escravos, sendo chamado pelo povo de  Elias o Turco, por fazer o Líbano então parte do Império Otomano. Em 1808, com a chegada da família real ao Brasil, cedeu o casarão ao Príncipe Regente, antes que fosse confiscado. Reformado, passou a ser conhecido como o Paço de São Cristóvão, a principal residência da família real, depois imperial, até que fosse exilada pela República.

16 maio, 2020

MONSENHOR LEFEBVRE



OBS.: Esse texto chegou ao nosso conhecimento através de um antigo jornal que circulou em Madrid, chamado ABC, e que foi fundado em 1905. Dele não temos conhecimento e não nos interessou aprofundar. Por seu turno, o artigo foi escrito por Leopoldo Palacios, professor de direito, envolvido com conservadores da ação católica. O blog não se alinha a católicos conservadores, que por si, tem mentalidade liberal. No entanto, o artigo é interessante porque lança luz na importante figura de D. Lefebvre.



A posição que sustenta Marcel Lefebvre poderia ser qualificada de catolicismo puro, em contraposição a outro catolicismo que aceita ingredientes estranhos e que já não é puro, mas mesclado de liberalismo: o chamado catolicismo liberal. Para o conceito de catolicismo puro me remeto ao livro clássico de Karl Adam: “A essência do catolicismo”. Para o conceito de catolicismo liberal recordo a “História do catolicismo liberal”, de Emmanuel Barbier, em cinco volumes. O que se entende por catolicismo liberal é um movimento que aspira conciliar a Igreja e a Revolução (com maiúscula), harmonização que ocorreria a cargo dos que vivem dentro da cidadela eclesiástica. Nem todos tem visto este movimento com simpatia. Seus homens pretendiam dar uma visão favorável aos princípios revolucionários opostos ao catolicismo, e trabalharam dentro da Igreja aspirando planos de poder, ganhar adeptos entre o clero, captar a boa vontade do episcopado e eleger um papa ao seu gosto, que, convocado um concílio, impusera a todos os fiéis, mercê ao firme aparato de disciplina da Igreja, a nova concepção religiosa, coroando com a cruz de Cristo o gorro frígio da Revolução.

Terminado o Concílio, o seguimento das ideias triunfadoras desconcertou a vida da Igreja de Cristo. Eram ideias diferentes das que haviam imperado até então, sobretudo no mais característico da nova concepção: sua maneira de ver o mundo e a modernidade. Desde a Revolução francesa, os grandes pontífices – Pio VI, Gregório XVI, Pio IX, Leão XIII, São Pio X, Pio XII – haviam ensinado sobre o mundo moderno o contrário do que se ensina agora. Mas não por isso variava o tom de autoridade desses ensinamentos, nem se evitava perturbar sacerdotes e fiéis, como se viu na imposição despótica das reformas litúrgicas. Não causa surpresa que o descontentamento se espalhou por todo lugar e que surgiram movimentos de resistência católica. Um deles – não o único – é o representado pelo bispo Lefebvre, fundador do Seminário Internacional de Ecône (Suíça) e da Fraternidade Sacerdotal São Pio X.

Há pessoas que só podem viver apoiadas moralmente por um chefe espiritual: se elas são católicas, este chefe é o Papa. Todavia, cabe a possibilidade, já estudada por teólogos, de que este chefe perca a confiança de seus fiéis, por não os defender dos inimigos da Igreja ou por favorecer dentro dela um partido unilateral. Que então fará o católico alheio a dito partido? Ele não tem outra posição mais digna que a de Lefebvre, a qual se alinha em perfeita comunhão com o Papa, mas somente quando o Papa segue em união com seus predecessores e transmite o depósito da fé. Lefebvre também aceita as novidades intimamente conformes à tradição e à fé, mas não se sente vinculado pela obediência a novidades que vão de encontro à tradição e que ameacem à fé. No que toca ao Concílio, quando o perguntam se não é um concílio como os demais, responde: “Por sua ecumenicidade e sua convocatória, sim; por seu objeto, e isto é o essencial, não. Um concílio que não é dogmático pode não ser infalível; é apenas na medida em que repete verdades dogmáticas tradicionais”.

12 maio, 2020

A Catedral de Notre-Dame



Poucos templos atingem a perfeição da Catedral de Paris, devido ao equilíbrio de suas proporções e à harmonia de suas fachadas, onde se combinam suas formas horizontais e verticais. É o ponto culminante do estilo gótico, o mais belo edifício religioso da Capital da França (Guia Michelin de Paris, 2ª edição, 1993, p.113).

O templo atual foi precedido de outro gálico-romano, de basílica cristã e de igreja românica. Foi fundado pelo bispo Maurício de Sully, havendo a construção se iniciado em 1163, com a conclusão dos trabalhos por volta de 1300.

05 maio, 2020

A MÚSICA CELESTIAL


Para Santo Tomás de Aquino, a Corte Celestial é composta de nove círculos angelicais, agrupados em três coros, cada qual com três hierarquias. Segundo a importância de cada classe, referida na proximidade de Deus, o primeiro coro é formado por serafins, querubins e tronos. O segundo por dominações, virtudes e potestades. O terceiro por principados, arcanjos e anjos. O estabelecimento das hierarquias é necessário à ordem, senão haveria a multidão de anjos desgovernada (Suma Teológica, I, questão 108, artigos 5º e 6º).
                                                                 
Na Comédia, Paraíso,  canto XXVIII, Dante Alighieri reporta que Beatriz se refere às nove hierarquias   angélicas, que se movem em círculos concêntricos em torno de um ponto luminosíssimo que é Deus.  Dante ouve de Beatriz os motivos por que aqui tanto mais crescem o movimento e a luz quanto mais perto do Centro, o contrário dando-se em relação à Terra:
                                                                  
“De coro em coro celebrar se ouvia de Deus a  glória, que os conserva ardentes nesse lugar de amor e alegria.” (verso 93)
                                                                  
“mais profunda  é a satisfação quanto mais vêem na essência do Uno e do Trino. Daí se deduzir que da visão e não do amor, que dela é consequência, os anjos têm sua plena exultação.” (verso 106/110)
                                                                  
“São para o Centro as ordens arrastadas  e atraídas de baixo para cima, vencem e são em Deus glorificadas.” (verso 126)

 (Divina Comédia, tradução de João Trentino Ziller, Ateliê Editorial, pág. 484)
                                                            

03 maio, 2020

UM ESTRANHO VÍRUS

Na variação do texto anterior...

O vírus é eugênico: mata os fracos, os idosos, os que padecem de alguma incúria. Por consequência é capaz de elevar o estilo de vida fitness em um patamar padrão, as academias, os crossfits, as psicoses
da boa saúde. O vírus atinge mais os idosos o que significa que ele é seletivo, ataca os que tem experiência, mata a memória de uma família, de um povo.

O vírus pede o confinamento. A vida confinada desfavorece um estilo de vida católico que é da alegria e do encontro.