Catende, a cara província. Era mais um dia de domingo e lá ia eu andando, por volta das seis da manhã, em demanda da missa matinal. Era uma missa mais tranquila, menos barulhenta, mais introspectiva do que aquelas do horário do fim da tarde. Havia alguma ligação entre a paz da manhã e a tranquilidade da liturgia. Ao lado, no jardim do templo, era até possível ouvir aqui e ali o silvo adocicado de um pássaro.
Minha mãe estava sempre lá, no coral de Santa Ana. De quando em vez subia ao altar e lia a epístola.
Eu acompanhava tudo de longe. Nada na algibeira, nem mesmo um terço eu carregava. Ao fim da missa, nós descíamos a ladeira e ao dobrar a rua à direita chegávamos em casa. Era ainda cedo e a cidade dormia.
No terraço da casa, jogado ao canto, envolto em uma bolsa plástica, jazia o Diário de Pernambuco. Calmo, taciturno e antigo. Parecia não representar perigo algum. Estava no canto dele e só era perturbado se nós o provocássemos.