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Igreja da Sé e seu estilo eclético
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O primeiro sítio da igreja matriz de S. Paulo
situava-se mais abaixo que o atual, onde hoje fica o monumento a Anchieta. A
primeira matriz começou a ser erguida em 1589, tendo sido concluída em 1616.
Era uma modesta capela em estilo colonial.
Com a
criação da diocese em 1745, o primeiro templo foi demolido e substituído por um
novo em estilo barroco, terminado em 1769. Seria demolido em 1911. A seu lado
ficava a igreja de S. Pedro, também demolida, no lugar onde hoje está o prédio
da Caixa Econômica Federal.
O templo atual começou a ser erguido em 1913,
tendo sido inaugurado em 1954, por ocasião do quarto centenário da cidade.
Todavia, as torres somente foram finalizadas em 1969. O projeto, de caráter
eclético, é do arquiteto alemão Maximilian Emil Hehl, também responsável pela
igreja da Consolação e pela catedral de Santos.
Na de
S. Paulo predomina o estilo neogótico na fachada, na nave e nas torres, a
revelar a inspiração nas grandes catedrais medievais da Europa, mas a cúpula é
de estilo renascentista, como no Domo de Florença. De tal mistura de estilos
que se contrapõem pode-se fazer algumas
observações.
Ensina
Orlando Fedeli ter o Criador feito o mundo à Sua imagem e semelhança. Por isso,
a beleza existente no universo é reflexo da beleza de Deus. Esse reflexo pode ser
encontrado de maneira estética, tendo em vista as formas materiais e seus
símbolos. Pela sensibilidade, pode-se contemplar o que é belo, procurando
entender a razão do prazer estético.
Toda
beleza manifesta de modo analógico as qualidade
s invisíveis de Deus. Ele não só
fez as coisas belas, como permitiu que o homem as fizesse por meio da arte. A
verdadeira obra de arte deve fazer com que a inteligência compreenda o bem de
algo. Consegue isso quando respeita as leis objetivas da estética: a unidade, a variedade, a ordem,
a proporção, a simetria etc. Belo é aquilo cuja vista agrada, não havendo arte
na busca do feio, do disforme e do monstruoso.
Os
estilos românico e gótico marcam o apogeu da arte ocidental. O gótico é o ápice
da arte medieval. Não há como não
extasiar-se ante as catedrais de Notre
Dame de Paris, de Chartres e de Amiens. O estilo gótico é a filosofia
escolástica na pedra. Procura incentivar a virtude, com pudor, recato e pureza.
Fé, esperança e caridade são encontradas de maneira simbólica no gótico. Pureza
na forma, serenidade no espírito e majestade no conjunto tornam o gótico o mais
católico dos estilos. As torres das catedrais góticas lembram que a Igreja é
militante, sendo preciso combater o mal. As esculturas representam o juízo, o
inferno e o demônio. Quem não combater o mal, perder-se-á.
O Renascimento, por seu antropocentrismo,
colocou o homem no lugar de Deus. Deixou-se de aspirar à beleza celestial para
viver-se somente para o bel mondo. A
arte renascentista procura agradar a sensualidade, o que torna impossível a conciliação
entre o Catolicismo e o Renascimento.
A catedral de S. Paulo procura combinar dois
estilos em si contraditórios, o gótico e o renascentista. Enquanto o primeiro
volta-se a Deus, o segundo ao homem. A fachada , as torres e a nave remetem o
homem a Deus, a cúpula o homem a si mesmo. Ela é um centauro arquitetônico: o
corpo é gótico, chamando o homem ao bem e à verdade; a cúpula leva ao prazer
sensual como fim. Parece a santidade levando a canga do pecado.
Do ponto de vista estético, os estilos não
combinam, não havendo harmonia entra as linhas austeras do gótico e as
licenciosas do renascimento. Não há proporção entre as medidas do corpo e as da
cúpula. É uma dodecafonia arquitetônica.
Paulo Eduardo Razuk
São Paulo, 08 de outubro de 2020.
Fontes:
Wikipedia.org/Catedral_Metropolitana_de _São_Paulo
Orlando Fedeli, As Três Revoluçôes na Arte, Monfort.org.br/cadernos/arte/3
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