É inegável que Dante foi dos
maiores poetas que a humanidade conheceu. Ladeia em grandeza com os luminares dessa
arte tão densa e elevada. A Divina Comédia condensa o conhecimento medieval e
consegue filosofar fazendo versos, e nos versos traduz teologia, e na teologia
nos leva à história, à astronomia e o que mais produziu o gênio humano. Dante
Alighieri foi um gigante do pensamento, embora tenha se filiado a uma vertente
que visava a destruição do edifício cristão. Seu pensamento moderno antecipa
alguns valores que serão coroados nos séculos vindouros, principalmente a partir
do protestantismo. Não à toa que a tese de Hans Kelsen, pai do positivismo
jurídico, foi baseada no pensamento do grande florentino.
Esse espaço não é para tratar da doutrina
de Dante e nem da sua poesia, apenas uma digressão bem simples acerca de um
livro que o escritor leu e lia e que as gerações atuais, principalmente as que
vivem na cidade grande estão tolhidas, que é a leitura do livro da natureza.
Andando pelo purgatório, apenas para exemplificar, no Canto
III, temos essa passagem:
“Como as
ovelhas saem de mansinho
do reduto, e
uma, e duas, e três são
baixando a
terra os olhos e focinho;
E onde vai a
primeira, as outras vão,
encostando-se a
ela, se ali resta,
quedas e simples,
sem saberem quão”