A família é composta por
indivíduos. A unidade de várias famílias formam sociedades mais complexas até chegar
ao que chamamos aqui de Estado. Ora, o Estado tem seu substrato humano na
formação básica das famílias que por sua
vez é formada por indivíduos.
Os indivíduos precisam do alimento
espiritual fornecido pela Igreja, Mestra dos povos. Ora, conclui-se que também
o Estado necessita do influxo da Igreja para ter sua existência plena e sadia,
atendendo seu fim, que é o bem-estar social. Não há como ter algum bem se ele não
é ordenado ao criador, como disse Dante, no Canto VIII do Purgatório: “Avendo
li occhi a le superne rote”. A felicidade última do homem é ter os olhos
voltados para a superna rota, ou seja, o céu.
O mundo passou por um grande fenômeno chamado Revolução. Não apenas uma simples mudança estrutural, mas uma metanóia, uma mudança de mentalidade tal, que sucumbiu os fundamentos da antiga civilização cristã, cujo berço se assenta em Roma.
Primeiro, o desmantelamento
social atacou a autoridade da Igreja, dispersando os cristãos em vários
segmentos religiosos, como se cada líder fosse um papa. Logo, temos o atingimento
do topo. Aqui rompeu o indivíduo com a Igreja.
Depois veio o ataque ao Estado,
com a declaração dos cidadãos, rompendo os laços do Estado com a Igreja. O
Estado passou a ser um fim em si mesmo e ascendeu o princípio da legalidade
como parâmetro de conduta: pecado mortal passou a infringir a Lei, a ordem
pública, a volontè general, como dizia Rousseau. O Estado passou a ser indiferente,
rompeu o laço com a Igreja, ele passou a ser Mestre de si mesmo. Preparou-se, assim,
o caminho para o ateísmo estatal.
O marxismo científico pretendeu fazer
do “novo povo eleito”, ou seja, do proletariado, a classe que traria as luzes
da sociedade sem classes, da felicidade sem fim, de uma espécie de Cocanha
política em que sumiria até dor de dente e unha encravada. Aqui o Estado de
tanto se preocupar com o estômago rompeu definitivamente com Deus, logo com a
família, com a Igreja e com a própria noção de Estado. Se tudo é Estado, nada é
Estado. É aqui que nasce o sujeito estatal, tão imbuído de ideologia que não existe
nem mais indivíduo, tudo passa a ser controlado pela ordem pública, por um
fantasma que paira na cabeça de todos e que ninguém dele pode sair. Do controle
de palavras, controle de condutas até mesmo à imagem que o indivíduo tem de si
mesmo. Como é uma aversão à Deus, toda virtude passa a ser vista de cabeça para
baixo: homem é mulher, mulher é homem; o feio é belo, o belo é feio; a verdade
não importa, tudo é narrativa. Aqui é o niilismo total, o ápice da revolução.