26 março, 2024

Santa Generosa

 Paulo Eduardo Razuk


Santa Generosa foi uma jovem que viveu em Cartago, na África, tendo sido martirizada na era de perseguição dos romanos aos cristãos.

Em São Paulo, a Paróquia de Santa Generosa foi criada em 1915, tendo sido inaugurado o primeiro templo em 1924, no Largo Guanabara, Paraíso. Novo templo, de estilo neogótico foi inaugurado em 1950, ano do apogeu da Paróquia.

No entanto, a Municipalidade resolveu expropriar e demolir o novo templo para a abertura da Avenida Itororó, rebatizada como 23 de Maio. Ao invés de fazer a ligação dos braços da avenida por um túnel sob o espigão da Paulista, como na Avenida 9 de julho, foi aberto um enorme buraco, que engoliu o Largo Guanabara, demolida a Igreja de Santa Generosa. Grave prejuízo ao patrimônio histórico e urbanístico, para privilegiar o transporte individual por automóveis, com a descaracterização da paisagem e a desumanização do meio ambiente.

Em 1970, foi inaugurado o templo atual, onde antes funcionava o salão paroquial. É um galpão, entre prédios comerciais, com intenso tráfego de veículos à porta, que carece de valor artístico. Foi colocada no galpão, como improviso, uma fachada neoclássica, à semelhança de templo maçônico, em evidente prejuízo estético, comparado ao formidável templo anterior de estilo neogótico, em meio à praça.

Do antigo templo, consta terem sido aproveitados 40 vitrais italianos, lustres e a porta central. Demais itens foram perdidos com o saque e o vandalismo que antecederam a demolição.

Não fora a fachada e as imagens em seu interior, o templo atual se pareceria com qualquer outro pentecostal. Com efeito, a decoração é pobre, com uma pintura de mau gosto, com cores berrantes, no altar, sendo evidente o prejuízo em relação ao templo anterior.

A decadência estética do templo atual tem relação com a decadência da liturgia católica.

Em 1570, após a revisão do missal romano pelo Concílio de Trento, o Papa Pio V promulgou a liturgia da missa do rito romano, mantido o latim como idioma oficial. Em 1969, como consequência do Concílio Vaticano II, novo missal romano foi promulgado pelo Papa Paulo VI.

Tal como nas seitas protestantes, a liturgia foi simplificada, com a adoção da língua vulgar como paradigma. Quem for assistir a uma missa anglicana e a outra católica moderna, quase não perceberá a diferença.

Outro aspecto é o musical, Foram abandonados o canto gregoriano e a música sacra erudita, com a introdução de canções populares, com música chã e letras banais.

A intenção de tornar a Igreja mais participativa na sociedade deu fim contrário ao esperado. Enquanto os templos católicos se esvaziam, os pentecostais não param de crescer.

Em 2007, o Papa Bento XVI, em seu motu próprio Summorum  Pontificum, houvera permitido a celebração da missa tridentina aos fiéis que o desejassem. Mas, em 2021, o Papa Francisco, em seu motu proprio Traditiones  Custodis, revogou o anterior, restringindo a celebração da missa tridentina.

Chegamos ao fim dos tempos?